A capacidade de geração distribuída (GD) do Brasil continuará a aumentar, apesar do restabelecimento parcial da taxa de rede para novos projetos. Assim sinalizou Guilherme Costa, Gerente Geral Executivo da fabricante de equipamentos solares Renovigi Energia Solar.
Em entrevista à Argus Media, Costa falou sobre como os custos mais baixos para alguns componentes de painéis solares podem impulsionar o investimento. O conteúdo, por sua vez, foi distribuído em suas editorias Latin America Energy e Brazil Natural Gas and Power.
Executivo da Renovigi fala sobre GD à Argus
Argus Media: Qual é a perspectiva geral para os investimentos na GD em 2023?
Guilherme Costa: Espera-se que os custos para instalar sistemas continuem caindo nos próximos meses. Em alguns casos, isso acelerará o período de retorno desses sistemas.
Isso significa que a redução nos custos de equipamentos pode compensar o aumento dos custos relacionados à tarifa de rede. Mas mesmo com os custos de instalação nos níveis atuais, o período de retorno só será estendido por alguns meses com a tarifa de rede de 15%.
São sistemas com garantia de 25 anos, portanto, mesmo que o período de retorno seja de cinco anos em vez de quatro, eles ainda estarão operando por mais 20 anos.
Ao longo de 2022, houve muito foco na taxação da rede, mas é importante que os consumidores saibam que ainda faz sentido instalar esses sistemas, especialmente porque a tarifa de rede aumentará novamente em 2024 para 30% da tarifa total.
AM: O que tem contribuído para a redução dos custos dos sistemas?
GC: Isso se deve, em grande parte, à queda nos preços das matérias-primas. A maior parte da produção é proveniente da China. [Em consequência,] o custo de um dos componentes de um painel solar caiu 15% – item que representa 70% do custo total de um sistema.
Isso ajudará a reduzir custos nos próximos meses. [Do mesmo modo,] é importante lembrar que o câmbio também é um fator, pois esses componentes são importados.
Perspectiva do mercado fotovoltaico para 2023
AM: A expansão da GD vai desacelerar este ano?
GC: Esperamos muitas instalações solares no início do ano, principalmente por causa do acúmulo de 2022. A demanda é muito forte agora e esperamos que muitos novos sistemas sejam conectados à rede.
Ainda vemos forte crescimento neste ano, mas é possível que a expansão não ocorra no mesmo ritmo em 2023 como ocorreu em 2021 e 2022.
AM: O setor ainda espera que o Senado aprove legislação para estender a isenção da tarifa de rede por seis meses?
GC: Acreditamos que ainda há chance do projeto ser aprovado pelo Senado. Isso deveria ter ocorrido antes do prazo de 6 de janeiro, mas ainda temos um vislumbre de esperança de que possa acontecer. Mas seria retroativo e não está claro como isso funcionaria.
AM: Quais são as verdadeiras prioridades regulatórias para o setor de GD no Brasil em 2023?
GC: Atualmente existe uma consulta pública sobre a expansão do mercado atacadista. [Além disso,] estamos acompanhando de perto porque pode ocasionar mudanças para o setor.
Há também a questão dos sistemas híbridos, que são sistemas com baterias reservas conectados à rede. Uma vez que esses sistemas sejam aprovados, os investimentos devem aumentar.
AM: Quais são as perspectivas para o uso de sistemas híbridos com baterias?
GC: O Brasil tem dois mercados para baterias. Um é para abastecimento crítico, que usa sistemas solares com baterias reservas, para que as pessoas tenham energia durante as interrupções. No futuro, com o mercado atacadista, esperamos que isso se expanda.
[Além disso,] existem também regiões isoladas sem acesso à rede. Isso está ficando cada vez mais popular, mas o custo ainda é alto.
Capacidade de geração distribuída no Brasil
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Fonte: Argus Media