Um ensinamento nos diz: “a vida é um sopro”, na intenção de aproveitarmos a intensidade de cada momento, porque também nos dizem que “o tempo voa”. A história do São Camilo, Hospital Beneficente Santa Terezinha, começou de um sopro há 75 anos em Encantado, Rio Grande do Sul. Como um primeiro respiro de vida que enche os pulmões e desperta para o mundo pela primeira vez.
Referência no cuidado da saúde na região alta do Vale do Taquari – que abrange um raio de 38 municípios, o Santa Terezinha é um hospital privado/filantrópico e atende 60% da população através do Sistema Único de Saúde. São aproximadamente 200 profissionais diretos, um corpo clínico integrado por 50 especialistas e mais de 50 mil atendimentos registrado em 2020.
A história do Santa Terezinha que, futuramente seria vinculado à Rede São Camilo, nasceu da união, do trabalho e da fé da comunidade, como um suspiro que segue o outro, e outro e assim por milhões de vezes ao longo da existência. “Não tínhamos hospital em Encantado. Foi o anseio da população que se reuniu, fez campanhas e iniciou a construção em 1942. Passados três anos, aconteceu a inauguração, em outubro de 1945” conta Marilene Daltoé assistente administrativa que atua há 28 anos na instituição e como mesmo diz, acompanhou quando o primeiro computador foi comprado.
O município de Encantado é banhado pelo Rio Taquari, formado por 21.609 habitantes e localizado a 145 quilômetros da capital gaúcha, Porto Alegre. Teve sua colonização marcada predominantemente pela cultura alemã e italiana e carrega traços de devotamento e fé cuidadosamente preservados. Em 1956 o hospital foi doado para a Sociedade de Educação e Caridade – Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria. “Na época, contam que o atual prefeito – Adroaldo Conzatti, passava todos os dias para ir à escola e curiosamente observava o hospital. O tempo passou e em 1983 quando eleito prefeito pela primeira vez, entrou em contato com as irmãs demonstrando preocupação em ampliar o espaço. Foi quando entregaram a chave e informaram que não tinham mais condições de continuar” revela Marilene.
A partir disso, a administração foi assumida pelos Camilianos, devotos de São Camilo de Lellis, entidade mantenedora que se comprometeu em oferecer novos serviços, modernização dos equipamentos e ampliações na estrutura. O engajamento e a união de forças, se tornou ainda mais significativo e diversas foram as melhorias estruturais, aquisição de novos e modernos equipamentos, além da inauguração de novas alas, entre elas os Centros Cirúrgico, Obstétrico e Regional de Oftalmologia.
“Somos referência em atendimento de saúde e com a crescente demanda nossa estrutura estava pequena que resultou, em 2014, numa ampliação e a construção de um novo prédio que está em fase final,” explica o diretor da entidade, Evandro Klein.
Formado em Ciências Contábeis com especialização em Gestão Hospitalar, Evandro está há sete anos à frente da unidade e sinaliza positivamente a expansão. “Ser referência no cuidado da saúde faz parte da visão institucional que assumimos e, com isso, nossa responsabilidade é oferecer atendimento especializado. A exemplo do SAMU, dos atendimentos em saúde metal, maternidade e oftalmologia. Também abrimos este ano cinco leitos UTI Covid que recebe pacientes de todo o Estado do Rio Grande do Sul e estamos buscando a habilitação para 10 novos leitos de UTI.
UMA HISTÓRIA BEM VIVIDA
Comemorar mais de sete décadas não é apenas uma vida, é fazer parte de muitas, de cada melhora, de cada cura. Acompanhar cada nascimento e enxergar, em sua plenitude, um por um que aqui passou ao longo de 75 anos. Silvane Disegma, 56, faz parte dessa história. “Comecei no dia 1 de novembro de 1985 no setor de almoxarifado quando ainda era conduzido pelas Irmãs. Ao olhar hoje, me surpreendo de como evoluiu.” Passados 35 anos, a responsável pelo setor de compras diz que o ambiente de trabalho é a segunda família. “Nunca pensei em procurar outro, aqui é onde passo a maior parte do tempo, é minha segunda casa. Não vivo sem o hospital,” reconhece.
Questionada sobre os impactos da pandemia, Silvane pontua novos hábitos e a falta do contato próximo. “A internet facilita, mas não é a mesma coisa. Aquele contato com as pessoas, o olhar nos olhos, a presença física faz a diferença.”
RESPIRO NA CONTA DE LUZ
Talvez a união seja característica das cidades menores onde a maioria das famílias se conhecem, mas os encantadenses têm na coletividade a referência de suas raízes. “A comunidade sempre foi muito participativa, quer melhorias e colabora. Na pandemia nos surpreendemos mais uma vez, empresários se organizaram para doação de materiais como máscaras, aventais e álcool gel, cada um dentro de suas possibilidades,” indica Silvane.
Não foi diferente na participação do projeto Energia do Bem da Renovigi Energia Solar. A divulgação da campanha ocorreu em live do cantor Michel Teló, embaixador da marca catarinense, em 29 de março do ano passado. As instituições mais votadas receberiam, de forma gratuita, a instalação e um sistema de energia solar.
E se cuidar da vida é o que faz o Hospital Beneficente Santa Terezinha respirar, quem também ganhou um respiro foi a conta de energia elétrica. “O gasto com energia elétrica é alto, aproximadamente R$ 40 mil ao mês. Essa doação vem muito a beneficiar pois podemos oferecer mais qualidade e conforto para quem precisa. Realmente é um projeto que deve ser reconhecido e faz diferença na comunidade,” destaca o diretor Evandro Klein.
Já o presidente do Conselho de Administração e CEO da Renovigi Energia Solar, Gustavo Müller Martins acredita em transformações geradas pelo envolvimento coletivo, de pessoas que se unem para um bem maior.
“Considero que o Energia do Bem tem a intenção de mudar a vida das pessoas. Desde sua criação, em 2018, já beneficiou 142 entidades através do engajamento da rede de credenciados e da comunidade.”
UNIDADE IMBITUBA
Além de Encantado, a unidade do São Camilo de Imbituba, no litoral de Santa Catarina, recebeu a doação e instalação sem custo feita pela Solarprime empresa credenciada Renovigi. Desde a instalação, em junho do ano passado, foram gerados 3274 kWh e economizado mais de R$ 2.400. O sistema conta com 16 painéis e 1 inversor de 5KW.
O diretor da Solarprime franquia da unidade de Imbituba, Diego Vieira explica que o projeto não atende todo consumo gasto pelo hospital, mas em função do retorno positivo, a intenção é aumentar a potência para suprir toda demanda.
PANDEMIA, APRENDIZADOS E FUTURO
A pandemia de COVID-19 pode ser destacada como algo que não está ao nosso alcance de interferência. Quem sabe, até compararmos com as imprevisões da medicina quando, sem respostas, atribui-se a fé a explicação do inexplicável. O vínculo religioso é essência na história do hospital Santa Terezinha, nome referência a freira carmelita Teresa de Lisieux, conhecida por seu jeito prático e simples de abordar a vida espiritual.
“É difícil não se envolver em algumas histórias e sofrer junto. Principalmente as que encerram da forma que não gostaríamos de vivenciar. Digo que a pandemia trouxe muitos desafios, especialmente em termos de tratamento. Podemos dizer que os médicos sabem como tratar, mas ainda não temos uma maneira totalmente efetiva. Espero que em breve a vacina ou outro tipo de tratamento esteja disponível,” avalia Evandro.
A pandemia reforçou ainda mais a importância dos profissionais de saúde que estão na linha de frente do enfrentamento ao Covid-19. “Diferente de outros serviços, o tratamento e o cuidado aos pacientes não podem ser feitos remotamente, escolhemos estar aqui e temos o compromisso com os pacientes e a comunidade,” avalia Marilene.
Formada em Letras e Direito pela Universidade do Vale do Taquari (UNIVATE), Marilene também espera maior valorização profissional da classe e destaca que, por ser da parte administrativa, tem um compromisso com os colegas que estão na linha de frente. “É o momento de mostrarmos nosso apoio, encorajá-los, muitos estão afastados da família para cuidar do próximo. Penso que com essa experiência as pessoas vão valorizar cada vez mais a vida, a saúde que é o bem maior, pois sem ela nada fazemos.”
A preocupação com as pessoas é o legado da instituição que também demonstra preocupação ambiental e vê um futuro com bons olhos. “Energia limpa é o caminho que nos leva para o futuro, e se sobressai em relações a fontes poluentes. Para o hospital é um retorno positivo em vários sentidos, especialmente na economia, onde podemos utilizar os recursos para outros projetos que beneficiarão a comunidade.
Izabel Aparecida Guzzon – Jornalista/MTE 5573/SC