“A bola vai rolar e começa a final. Domina com categoria, parte para o primeiro chute ofensivo, o adversário desvia, volta a bola, retoma com eficiência, passa pelo primeiro, tá no bolso o segundo, chuta na direção e é gooool, mais um do Terrão Esporte Clube.” A narração esportiva poderia ser de qualquer um dos jogos de rua no campinho do Bairro São Cristóvão, nos anos 1990, em Chapecó, que contava com a participação dos irmãos, Alex Domingos da Roza (Leco) e Junai Domingos da Roza.
A quadra era desenhada com um graveto para definir a marcação, refeita a cada drible que levantava poeira, enquanto o uniforme condizente com o estilo de jogo, alguns com a regata duas vezes maior, bermuda desce mas não cai, o tênis emprestado sem pedir para o irmão e, na falta de opção, descalço mesmo ciente que poderia custar a tampa do dedão. A arquibancada tinha visão privilegiada e era composta por toda vizinhança que ouvia, aos gritos, quando fechava o tempo. “Eu e todos os amigos da rua tínhamos o sonho de jogar profissionalmente, participávamos de alguns torneios na cidade, depois de um tempo, passei a integrar o time profissional do Clube Recreativo Chapecoense (CRC). O futsal foi tomando conta e segui esse caminho,” revela Leco, atual jogador do Joinville Esporte Clube (JEC) e atleta da Seleção Brasileira de Futsal.
No recorte e como nos sonhos a parceria com o irmão Junai sempre foi presente. “Quando ainda éramos crianças treinávamos juntos sobre o que diríamos nas entrevistas após os jogos, revezávamos entre repórter e atleta já deitados no nosso quarto antes de dormir. Absolutamente ninguém foi mais responsável pela minha carreira que ele. Sonhamos juntos, treinamos juntos, provamos juntos que era possível.”
Filho de Terezinha e Alvori, Leco passou a infância e parte da juventude em Chapecó. Em 2000 aos 16 anos foi convidado pelo Jaraguá depois de ter sido visto em uma partida das categorias de base. Aos 17 já ingressava na equipe adulta do time onde passou os próximos 10 anos defendendo o clube patrocinado pela Malwee. Em 2005, aos 21, foi convocado para integrar a Seleção Brasileira de Futsal, contribuindo em mais de 100 jogos e em 2011, passou a defender o Joinville, contrato que assinou por dez temporadas. O irmão Junai se aposentou como atleta de futsal em 2018.
Formado em Educação Física pela Faculdade Jangada, Leco atualmente mora em Jaraguá do Sul, norte de Santa Catarina com a esposa Ana Carolina e os dois filhos, Felipe de seis anos e Alice de dois. Além de destacado no mundo da bola, o craque mostra que também é artilheiro quando o assunto é empreendedorismo, possui uma franquia de açaí com o irmão, a Açaícom.
ENERGIA SOLAR
Aos 36 anos, outra preocupação do atleta empreendedor é com a conscientização ambiental. A busca pela qualidade e eficiência, que norteiam a carreira, também foi aplicada na escolha da marca para instalação de um sistema de energia fotovoltaica.
“A ideia surgiu depois de uma reflexão com minha esposa do que estamos fazendo pelo meio ambiente, qual a nossa contrapartida. Foi quando optamos por um sistema de energia solar – uma fonte limpa, inesgotável e sem emissão de poluentes para tornarmos um pouco mais sustentável a nossa condição no planeta,” explica.
Um case diferenciado – uma vez que geralmente as instalações de sistemas de energia solar acontecem em espaços já construídos, a instalação fez parte do projeto arquitetônico da casa do atleta que contou com o reforço da Solturi de Jaraguá do Sul, empresa credenciada a Renovigi. “Já na elaboração do projeto deixei claro nossa vontade de instalar um sistema fotovoltaico por duas questões, custo benefício, por ser um negócio que vale a pena no longo prazo e, em termos ambientais, uma vez que temos essa preocupação e nos sentimos responsáveis com o mundo que vivemos,” pondera.
“Tivemos toda orientação técnica da Solturi e essa postura me deixou confiante, não é apenas uma relação comercial entre cliente e fornecedor, mas a intenção de oferecer um serviço de qualidade para que me sentisse satisfeito e tranquilo.”
A obra está em fase de acabamento e a previsão é abril de 2021. O sistema conta com 22 painéis da marca Risen com potência de 7480Wp instalado, geração média de 770 kWh/mês e inversores Renovigi 8K Monofásico. O diretor da Solturi, César Cedenir Sarturi explica que o projeto foi acompanhado desde o início, em conjunto com a equipe responsável pela obra para o alinhamento técnico e correto com a definição do ângulo do telhado e inclinação evitando um possível sombreamento com torre de caixa d’agua ou platibanda.
“Foi um trabalho coletivo entre Solturi, o cliente e a equipe responsável pela obra onde demos suporte e definimos em conjunto as melhores soluções. Temos histórico de projetos com essa característica e penso que se tornarão cada vez mais comum pensar em energia solar em conjunto com o projeto de vida.”
CONSELHOS
Antes de mirar a trave, sair do alcance de visão do goleiro e acertar o gol no espaço de 2m de altura por 3m de largura, o atleta precisa muito mais. No caso de Leco, acreditar e não desistir foram impulsos que o fizeram chegar aonde chegou. “Minha história é a coroação de que os sonhos de criança devem ser nutridos e perseguidos. A vida não para, se perdermos hoje, amanhã lutaremos novamente. Gostaria que pudessem vivenciar o momento de estar dentro da quadra em um ginásio lotado, é a mais pura inspiração para um atleta.”
Sobre a rotina, destaca as exigências e escolhas da profissão. “Muitas vezes deixo de aproveitar minha família em virtude dos compromissos profissionais, feriados e finais de semana, os treinos, o cuidado com a alimentação, tudo isso faz parte da gestão de carreira de um atleta.”
Já sobre o que pretende passar aos filhos, destaca os ensinamentos aprendidos no esporte, o respeito com o próximo e a contribuição para um ambiente melhor. “Meus conceitos são sólidos em relação a disciplina, responsabilidade, saber viver em coletividade. O esporte mostra muito isso, que dependemos um do outro, a minha atitude interfere no resultado coletivo e no indivíduo que está ao meu lado,” diz.
Como em qualquer esporte de alto nível, ganhar e perder são jogadores que entram em quadra para competir a qualquer custo. Com o atleta, que mais tem títulos na taça do Brasil, não é diferente e lidar com o fracasso é importante para voltar a construir vitórias. “Eu sinto medo antes de uma partida, sinto ansiedade e nervosismo, esses sentimentos são naturais, a questão é o que você faz com eles, como irá administrar. A diferença está na vontade de fazer algo a mais a cada dia, evoluir em todos os sentidos.”
Considerado por muitos um dos maiores atletas de futsal da história do JEC/Krona Futsal, Leco já dividiu a quadra e venceu ao lado dos principais jogadores de futebol de salão como Falcão, Lenísio, Manoel Tobias e Vander Carioca. Perguntado sobre a principal característica desses atletas de alta performance, sinaliza a amplitude do esporte coletivo destacando a contribuição de cada jogador como uma peça de engrenagem fundamentais para o sucesso coletivo. Além de determinação, treino e foco. “A partir do momento que você tem propósito em algo é como se nascesse uma chama interna, uma combinação poderosa que te fará colher frutos, digo que qualquer um vai longe no que se propor a fazer, isso é o que levo para minha carreira e vida, é o que me motiva,” e acrescenta “independente do que irá fazer, faça com o coração e seja determinado, não desista nos primeiros obstáculos porque lá na frente a vitória é prazerosa.”
Entre os principais títulos da carreira estão: Campeão do Torneio da Malásia e dos Jogos da Lusofonia; Melhor fixo da liga futsal, Bicampeão Sul- Americano de Seleções e da Copa da China; Tetracampeão da Liga Nacional, Pentacampeão do Grand Prix e da Superliga de Futsal; Hexacampeão dos Jogos Abertos de Santa Catarina e da Libertadores da América, Heptacampeão da Taça Brasil de Clubes, Eneacampeão Catarinense de Futsal, mais de 500 jogos pelo JEC e outros 500 mais pelo Jaraguá Futsal ao longo da carreira.
Izabel Aparecida Guzzon – Jornalista/MTE 5573/SC