Você já deve ter ouvido falar na melhor idade. Há os que concordam e os que não, mas, é unanimidade, considerar a terceira idade – a partir dos 60 anos conforme o Estatuto do Idoso, uma etapa onde os ensinamentos se sobressaem de forma latente. No abrigo São Francisco de Assis, localizado na cidade de Serra Negra, região oeste do Estado de São Paulo, o único estereótipo é de uma vida bem vivida e uma convivência construída por trocar afetivas.
“Acredito que cuidar, acolher e ser solidário é o que faz a vida valer a pena. Nós enquanto seres humanos, dependemos uns dos outros e isso se torna ainda mais evidente quando estamos doentes ou debilitados e, muitas vezes, o cuidado vem de pessoas que nem são da família,” explica Maria Aparecida Dallari Guirelli diretora do abrigo.
A história do São Francisco, iniciou em 1947 coincidentemente por um casal idoso e bastante humilde. “Contam que certa vez, Bepe foi atendido pelo Dr. Jovino, médico muito estimado na cidade pela dedicação à população. Certo dia, ele passou mal e chegando para avaliá-lo, estava morto e vestia a roupa da esposa pela falta de condições. A situação deixou Dr. Jovino profundamente sentido e por escrever em um jornal, reproduziu em artigo a indignação, defendendo a dignidade e os direitos básicos do ser humano,” relembra a diretoria. A atitude e o apoio da comunidade foi o início dessa história que é contada até hoje.
O lar, atende 53 idosos moradores do município paulista, com pouco mais de 25 mil habitantes. O perfil dos usuários corresponde a idosos que já não tem mais família e vivem sozinhos, em estado de rua e a partir de 60 anos.
“A rotina das famílias mudou e os compromissos de trabalho muitas vezes dificultam os cuidados, especialmente quando o familiar depende totalmente ou apresenta debilidade e doença. Nesse momento, o nós entramos em ação,” destaca Maria. O São Francisco é mantido por doações da comunidade, realização de eventos festivos e almoços, pela venda de roupas no brechó e com parte de recursos da prefeitura.
Diferente do que conta a história de Serra Negra – lembrada nos tempos da colonização pela vegetação intensa e uma serra escura, a energia das boas pessoas se sobressai e, recentemente, o abrigo passou a contar com o brilho da luz do sol.
A conta de energia elétrica era uma grande preocupação para manter o espaço, em torno de R$ 3.000 ao mês e, depois do reajuste na bandeira vermelha anunciado pela Aneel, chegou a R$ 4.000. “Falei para um amigo e ele, na tentativa de auxiliar, nos falou sobre a energia fotovoltaica e quem poderia ajudar, foi quando chegou ao conhecimento do deputado Edmir Chedid,” conta a Maria, mais conhecida como Pici, apelido de infância.
O sistema foi viabilizado pelo político através de emenda parlamentar no valor de R$ 95.000 e atenderá toda demanda do local. O projeto, conta com 66 painéis fotovoltaicos de 430W com tecnologia Half Cell que preconiza o aumento da potência em relação aos painéis comuns, dois inversores Renovigi, sendo um RENO-4K-PLUS de 4kW e outro RENO-20K-LV de 20kW.
A instalação foi realizada de forma voluntária e gratuita pela Didai Solar, empresa parceira da Renovigi Energia em Campinas, interior de São Paulo. “Não poderia chegar em hora melhor e quem sabe com essa economia não conseguimos contratar mais um profissional ou adquirir equipamentos,” entrega a diretora animada.
Izabel Aparecida Guzzon – Jornalista/MTE 5573/SC