São 1.120 tetas ordenhadas 3 vezes ao dia na fazenda de Sergio Rodrigues Nunes, às 04h, 12h e 20h com turnos que chegam a durar mais de 3h e produzem 9.000 litros de leite. Mas para chegar a essa produtividade, o trabalho de um casal, há muitos anos, foi fundamental. Paulo Rodrigues Nunes e Rosa Nunes iniciaram em 1950, com a atividade leiteira criaram 10 filhos e marcaram o início de uma história que permanece a três gerações.
Com o falecimento dos pais, os irmãos Sérgio, Marcos e Ricardo, criaram o Grupo Ponte Alta, que incluem três fazendas, juntas produzem 27.000 litros por dia e somam 800 vacas em lactação que abastecem o laticínio Embaré, 4º maior do Brasil em nível de produção, localizado em Lagoa da Prata, Centro-Oeste de Minas Gerais. Ao mês, são 810.000 mil litros que, se comparado ao número de habitantes de Formiga, cidade onde está localizado o grupo, seriam necessários pouco mais de dois dias para alcançar os 67.822 habitantes.
“Considero meu avô um homem empreendedor e de muita visão para aquela época, tanto que montou um laticínio dentro da fazenda para produzir queijo,” conta Douglas Nunes, terceira geração que se dedica ao trabalho na propriedade com os pais, Sérgio e Zilda Maria. A história da Ponte Alta foi uma semente plantada que tem gerado bons frutos. “Dar continuidade ao trabalho que iniciou na década de 50 é muito significativo e gratificante, estimulou a geração do meu Pai [Sérgio], a minha e vai estimular a dos meus filhos.”
A imensidão não é apenas de leite, ao todo são 258 hectares que circundam as águas do Lago Furnas e conta com 40 funcionários para realização das atividades que conta com sistema de confinamento – compost barn. “O crescimento foi um conjunto de muito trabalho aliado as tecnologias e melhoramento genético, buscando aumentar a produção e diminuir os custos,” explica Douglas que também é médico veterinário.
Para os próximos anos, o grupo prevê chegar próximo de 1.000 vacas e atingir 3.5000 litros de leite por dia.
SOL PARA ECONOMIZAR
“Ficamos uns dois anos até instalar e agora, nos apaixonamos pelo sistema, a energia solar não tem volta, é boa para o bolso e para a natureza,” reconhece Douglas com uma simplicidade que lhe é característica.
Alex Vidal diretor da Eletrovan, empresa credenciada Renovigi em Minas Gerais, reconhece as propriedades rurais como indústrias pela tecnologia empregada, desenvolvimento e geração de emprego e renda. “Entendemos que o agronegócio é o coração que bombeia sangue para o País, grande exemplo foi a pandemia, a agricultura segurou a economia e evitou maiores prejuízos.”
O gasto era de aproximadamente R$ 22.000, com a energia solar, o custo baixou para metade, R$ 10.000, mas conforme explica Geancarlo Ribeiro, sócio e responsável pelos projetos de instalação, a intenção é ampliar o sistema para atender toda demanda do cliente.
A aquisição do sistema foi otimizada pela modalidade de financiamento junto ao banco Sicoob de Formiga. O valor foi de R$300.000,00. O projeto conta com 330 painéis com potência de 340W e 1 inversor de 75kWp da marca Renovigi.
Joice Teixeira, gerente comercial da Eletrovan, pontua o segmento na linha de frente para demanda. “O agro é o setor que mais se mostrou carente e a energia solar é a mais abundante e acessível, seja em propriedades como essa ou de outros pequenos agricultores que tem sua produção em menor escala,” avalia e mostra que o dever começa em casa. “Meus pais também são do meio rural e temos uma usina de 1.500kWh instalada, com isso conseguimos economizar mais de R$ R$ 1.000,00 reais por mês.”
PONTO CRUZ NA INSTALAÇÃO
Mas não é só de beleza que o lugar enche os olhos, a Fazenda Ponte Alta revela um detalhe que chama atenção para quem vê de cima – a região é rota de aviação para escoamento de produção – e a instalação foi personalizada. Parte dos painéis formam as letras SRN, iniciais de Sérgio Rodrigues Nunes.
“Pesquisamos sobre o ponto cruz, o bordado mesmo, para poder aplicar. Analisamos do ponto de vista técnico para não oferecer nenhum problema de funcionamento, seguimos as recomendações necessárias para priorizar a eficiente do sistema,” conta Geancarlo entusiasmado que conduziu a instalação.
O empresário que também é eletricista, acrescenta: “Foi um projeto inovador, mas muito bem pensando que respeita os corredores, não interfere na manutenção, condicionamento e cabeamento. Outros clientes gostaram e já estão no pedindo para fazer igual.”
Izabel Aparecida Guzzon – Jornalista/MTE 5573/SC